quarta-feira, 25 de maio de 2011

Adeus...

Adeus...
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Como pedir que alguém não me magoe, sem pedir que deixe de ser como é?
Como não magoá-lo, sem mudar em mim o que não lhe agrada?

Sentei a mesa e escrevi, dizer adeus assim é mais fácil...
Deixei a casa limpa, a roupa em ordem, comida na geladeira, molhei nossos vasinhos de plantas, quase as afoguei porque tinha certeza que sobreviveriam só até essa regada, logo logo secariam, pobrezinhas.
Olhei bem pra tudo, nossa foto no porta-retrato, o abajur que comprei numa feira e que você achou feio, mas nunca tirou do lugar que eu escolhi.
Dei ração para o Bob, cuida dele, e faça com que perceba que sentirei saudades.
Saí assim... Fechei meus sonhos e fui.

Por vezes perdemos tanto tempo a planejar o futuro, sem nos empenhar tanto no presente, não podemos prever o tempo de tudo, por isso que é tão importante esse dia que está acontecendo, ter a consciência de que o melhor é valorizar o momento.
Talvez o segredo seja acreditar sempre, mas sabendo que nada é definitivo, que regar as flores do nosso jardim, do nosso canteiro interior é tão importante para termos muitos cheirinhos bons e bonitos quando o jardim que todos vêem, murchar.

Se voltasse no tempo, novamente arriscaria e no fundo isso é o que nos diz se valeu à pena.
Gostaria que tivesse sido até o fim, que partilhássemos a nossa velhice num lugar lindo, só nosso, de mãos dadas.
É para mim um milagre, entre tantos milhões de pessoas no mundo, duas se encontrarem, se amarem da mesma forma e desejarem envelhecer juntas, não foi dessa vez.

Depois da dor, quando recolhemos os cacos e reaprendemos a amar a nós mesmos é que entendemos que não vale a pena envelhecer sozinho, existem outros tantos sonhos que ficam na fila de espera.
Meu coração segue em paz, sem perdas... Pronta!

Por dentro ficou tudo ileso.